ECONOMIA NA PECUÁRIA
Alta oferta derruba preço do boi gordo, mas valorização do bezerro anima criadores
Enquanto a arroba do boi gordo recua com o aumento da oferta, o bezerro segue valorizado e melhora a rentabilidade para o produtor de cria
FOTO: Divulgação l Canal do Criador
A combinação entre alta oferta de animais e demanda enfraquecida tem pressionado os preços do boi gordo nas últimas semanas. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), desde o fim de junho os valores da arroba registram queda em todas as praças acompanhadas.
Os pesquisadores explicam que o movimento reflete o avanço da seca nas pastagens, que leva muitos pecuaristas a anteciparem as vendas. Além disso, com o início das entregas de lotes confinados, a oferta ganha ainda mais volume. Do lado da demanda, a comercialização de carne no mercado interno mostra sinais de desaquecimento, especialmente com a proximidade do fim do mês.
Nesta semana, porém, os recuos foram menos intensos. Segundo informações do Globo Rural, as negociações ocorreram de forma mais estável, ainda que o cenário geral siga pressionado. A expectativa em torno da tarifa de 50% sobre as exportações de carne bovina aos Estados Unidos, que entra em vigor em breve, também adiciona incertezas ao mercado.
Relação de troca favorece o produtor de cria
Se por um lado o boi gordo enfrenta desvalorização, o mercado de bezerros aponta em sentido oposto. As cotações seguem em alta em várias regiões do país desde agosto do ano passado, e a relação de troca tem se tornado mais vantajosa para o produtor de cria.
De acordo com os dados dos indicadores Cepea/Esalq, são necessárias atualmente cerca de 9,5 arrobas de boi gordo (preço base São Paulo) para a compra de um bezerro no Mato Grosso do Sul, um dos maiores patamares da série histórica iniciada no ano 2000.
Esse cenário de valorização relativa do bezerro, mesmo diante da pressão sobre o boi gordo, reforça o momento positivo para criadores que investem na base do ciclo pecuário. A expectativa é de que, mantendo-se essa tendência, a cria continue sendo um dos segmentos mais resilientes da cadeia da bovinocultura de corte em 2025.