PREJUÍZO NA PECUÁRIA
Exportações da pecuária brasileira aos EUA podem perder mais de US$ 1 bilhão com ‘tarifaço’
Setor pode enfrentar prejuízo bilionário caso tarifas de 50% impostas pelos EUA entrem em vigor em agosto
Foto: Tom Fisk | Pexels
A cadeia pecuária brasileira corre risco de amargar um prejuízo bilionário nas exportações para os Estados Unidos a partir do segundo semestre de 2025. A preocupação é com a taxação de 50% anunciada pelo presidente americano Donald Trump, que pode afetar diretamente as vendas de carne bovina e seus derivados. Conforme informações do Globo Rural, estimativa da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) aponta perdas de até R$ 1,3 bilhão ainda neste ano e o dobro disso em 2026, caso as tarifas entrem em vigor no dia 1º de agosto, como previsto.
Impacto direto no mercado da carne bovina e derivados
De acordo com projeções da Abrafrigo, o setor pode enfrentar dificuldades para manter o ritmo atual de exportações da pecuária. Somente no primeiro semestre de 2025, os embarques para os EUA ultrapassaram R$ 1,2 bilhão, puxados principalmente por:
- Carnes desossadas congeladas: 149,4 mil toneladas (US$ 737,8 milhões)
- Sebo bovino: 230,2 mil toneladas (US$ 248,7 milhões)
- Preparações alimentícias e carne enlatada: 23,4 mil toneladas (US$ 239,1 milhões)
- Carnes frescas ou refrigeradas: 7 mil toneladas (US$ 53 milhões)
- Carnes salgadas, secas ou defumadas: 1,2 mil toneladas (US$ 7,7 milhões)
- Outros itens, como tripas e rabos
Esses números representam quase o dobro do faturamento registrado no mesmo período de 2024, com crescimento de 85,4% no volume exportado.
Sebo bovino lidera a preocupação
O item mais sensível é o sebo bovino, produto no qual os EUA são praticamente o único destino, respondendo por 99,6% da receita. Segundo Paulo Mustefaga, presidente da Abrafrigo, o impacto pode ser devastador: “Se confirmadas, as tarifas podem elevar os custos em até 384% por tonelada, inviabilizando as exportações.”
Ele também alerta que o mercado já reage com cautela. Importadores norte-americanos têm solicitado a suspensão da produção em frigoríficos brasileiros.
Tarifa pode estagnar as exportações brasileiras
As tarifas elevadas prejudicam a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional. Mustefaga explica que os importadores não conseguirão repassar ao consumidor final o aumento causado pelos impostos. Isso derruba a demanda e trava os negócios.
Com a medida, a expectativa de exportar mais de US$ 1,3 bilhão até dezembro de 2025 pode ser frustrada. Para 2026, a projeção de perdas gira em torno de US$ 3 bilhões, caso as exportações fiquem comprometidas por um longo período.
Alternativas são limitadas
O principal desafio está na diversificação dos destinos. Produtos como carne enlatada e sebo bovino têm poucos mercados alternativos com o mesmo potencial de compra. Os EUA pagam valores superiores à média internacional, em alguns casos, mais de US$ 10 mil por tonelada, cerca de 40% a mais que outros países. Isso torna a substituição desse mercado algo complexo e de difícil compensação no curto prazo.